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Novos caminhos – SK Tarpon & Niche Partners

Atualizado: 17 de ago. de 2020






Em 2012, logo após a entrada da Tarpon com sócia da AGV Logística, fizemos uma revisão da nossa estratégia na AGV Logística. Neste processo uma das coisas mais importantes foi uma viagem que fizemos aos USA, onde fomos visitar 7 empresas que admirávamos e/ou queríamos conhecer, para trocar idéias e fazer benchmark. Essa viagem foi fundamental sob vários aspectos.


Dentre os insigths/decisões mais importantes foi nossa crença de que a tecnologia proprietária faria toda a diferença e que não estava em nosso DNA ter ativos (vendemos mais de 700 caminhões e carretas que tinham vindo nos M&A, voltando a ser 100% asset light), a visão de que a cultura do lean traria ganhos de produtividade muito importantes, a certeza do caminho que já estávamos trilhando da montagem da nossa torre de controle de transportes e a convicção que para voltar a crescer mais forte organicamente o caminho era mais foco e um maior rigor no nosso funil de vendas, falando mais nãos e focando nossos recursos nas melhores oportunidades.


O que não imaginava é que acabaria conhecendo por acaso uma empresa que viria a se tornar a inspiração para a minha nova fase profissional. Uma das empresas que acabamos pesquisando há época foi a DAT (Dial a Truck), o maior load board de carga rodoviária americano. Mais do que ela, o que me chamou a atenção foi a empresa mãe, a Roper Tecnologies (naquele momento chamava-se Roper Industries por sua origem). Foi paixão à primeira vista. Ao ler os relatórios anuais, o que vi foi um modelo de negócio e uma filosofia empresarial que me deixaram completamente extasiados e pensei que um dia iria fazer algo inspirado nesse modelo, a partir da AGV ou após a venda da mesma.


Mas ainda não era o momento, pois depois de ter crescido 10x em 5 anos de 2006 a 2011, com 8 aquisições, as últimas 3 e maiores mega problemáticas, 80% alavancadas, o que tínhamos que fazer era dar 3 passos pra trás, arrumar a casa, integrar as empresas, unificar a cultura dos quase 5000 funcionários diretos, melhorar nosso resultado e reduzir o endividamento. Foi nosso foco total. Pena que não tinha mais liquidez na época, pois tinha colocado na AGV todo o dinheiro que eu tinha (e não tinha, me alavanquei na pessoa física pra comprar a Equity International que quis vender em 2013 sua participação, mesmo após termos insistindo com eles de que não era o momento adequado, e que deixariam dinheiro na mesa). A ação da Roper andou muito de 2012 pra cá, muito mais que o S&P que andou demais...


Mas enfim, o que faz a Roper tão especial? Acho que nada traduz melhor que algumas das frases deles como “Simple ideas, powerful results” e “Niche markets are wide open”. A Roper é um holding listada, uma companhia diversificada de tecnologia, atualmente com 45 empresas independentes, sempre líderes em mercados de nicho, divididas em sub-segmentos sinérgicos, com receita recorrente, focadas em intimidade com o cliente, altas margens, modelo de negócio asset light, vantagens competitivas claras e times excepcionais, que trabalham com foco em gerar um alto retorno sobre o capital investido (alguma semelhança com a AGV???).

Dentro da AGV atuávamos em vários mercados, e era muito clara a diferença nos números quando éramos os líderes absolutos de um nicho como medicamento veterinários com 70% de share, se comparado a outras verticais como consumo.


O que aprendemos sobre a Roper, é que além de uma filosofia de investimento (itens acima), o que eles desenvolveram foi uma sistemática de gestão que aplicada com disciplina gera resultados excepcionais. Eles só investem em empresas campeãs. Uma das coisas que faz uma empresa ser campeã é a sua cultura. Então faz parte da modelo respeitar e reforçar esta cultura, não tentar padronizar a cultura entre as empresas do grupo. Como nos disse o Diretor de RI deles, “temos 45 culturas”. Todas porém entendem claramente que fazem parte de um grupo maior, e entendem claramente seu papel e contribuição para o todo. Estas empresas possuem total autonomia operacional e comercial, com times dedicados e focados, o que permite manter a agilidade fundamental para manter e ampliar a liderança em cada nicho – “Focused management teams win in their niches”.


Uma coisa, contudo, é centralizada: a decisão de alocação de capital. As companhias geram muito caixa pelo seu modelo de negócio e este caixa é reinvestido pela holding, sobretudo em novas aquisições de empresas melhores que a média do grupo que, continuam melhorar os resultados de forma exponencial. Como dizia Albert Einstein, “os juros compostos são a oitava maravilha do mundo”. Nada vence os juros compostos, ou na visão da Roper “Strategic investment Opportunities increase Shareholder Value”.


E o que isso significou em termos de geração de valor? De 2003 data do IPO da Roper até 2019, o Total Shareholder Return foi de 1.483% contra um S&P de 304%. Ou seja, a Roper superou em quase 5x o principal índice da bolsa americana. Quem investiu US$100 no IPO em 2003 teria hoje mais de US$20 mil. O valor da companhia saiu na gestão do antigo CEO que faleceu em 2018, em 17 anos de US$ 1,5 bi para mais de US$30 bi. Atualmente a empresa estava valendo mais de US$38 bi antes da crise do corona, e pela sua resiliência, caiu menos que o mercado. Acho que já temos um bom benchmark e inspiração de retorno pra próxima fase (rsrs)...


Para gerar essa riqueza a Roper possui 64% de margem bruta, 36% de margem de Ebitda e 27% de geração de caixa livre, com um modelo de negócio de capital de giro positivo, onde ela gera mais caixa quanto mais cresce. Mais do que resultados espetaculares, o que chama a atenção na Roper é a consistência e melhoria contínua dos números, possível graças ao modelo de negócio. Já são 27 anos que a Roper todo ano aumenta o valor dos dividendos pagos por ação de maneira consecutiva.


E dado isso, qual é a idéia. Simples, copiar este modelo de negócio e filosofia de gestão. Para tanto montamos a Niche Partners, empresa de investimento que vai se focar em fazer investimentos em empresas já líderes em mercados de nicho, como o próprio nome já diz. Nosso foco serão os setores de logística, tecnologia, saúde, educação e agro. Buscamos empresas com as seguintes características:

  •   Empresas líderes em mercados de nicho

  • Negócios com receita recorrente

  • Empresas com cultura forte e times diferenciados

  •  Empresas com foco do cliente

  •  Empresas com modelos de negócio Info Based (Asset Light), que gerem caixa

  •  Empresa com bons Sistemas de gestão

  • Empresas com bons modelos de negócio e bem geridas


Tamanho

Ebitda de R$5,00 a R$100,00 milhões/ano


Mas o que diferencia a Niche Partners dos diversos fundos já existentes no mercado? Vários pontos, mas o mais importante talvez seja a nossa história, nossa origem de empreendedorismo. A grande maioria dos fundos é formada por pessoas excepcionalmente inteligentes, com ótima formação, mas quase nenhuma experiencia prática do “outro lado do balcão”. Posso falar isso com propriedade de quem já teve 5 fundos como sócio de diferentes perfis (e pra isso já falei com quase todos os principais fundos que estão no Brasil em algum estágio).


Nós, diferente da maioria dos fundos, vivemos na prática todo o ciclo de um empreendedor, de montar do zero, crescer exponencialmente, questões familiares, fazer muito M&A, emitir muita dívida, quase quebrar 2 vezes, ter feito turn around, demitir mais de 2000 pessoas, entre outras tantas coisas. Tendo vivido tudo isso, conseguimos não apenas entender, mas na prática ajudar o empreendedor/empresário que deseja levar a sua companhia para um novo patamar.


Outro ponto muito relevante é que tem uma parcela muito grande de capital proprietário dos sócios. Isso não só traz um alinhamento enorme, como alinha no longo prazo. Nosso foco é sempre fazer o que é o certo para o negócio, para o cliente, acreditando que o valor para o acionista será uma consequência disso.


Nosso capital também é paciente. Diferente de fundos que buscam investir e desinvestir em poucos anos, na média 4 a 5, nosso foco é levar a Niche para a bolsa, permitindo a saída de eventuais investidores que desejam liquidez de mais curto prazo. Nós, sócios da Niche, queremos ficar com estas empresas vencedoras no longuíssimo prazo. Isso traz uma nova perspectiva para o empreendedor que sonha em perpetuar o seu legado, sua marca, sua equipe. Ela poderá continuar nesse modelo por tempo indefinido, diferente do que vender para uma multinacional que vai incorporar o negócio, acabar com a marca e matar a cultura. No nosso modelo as empresas são preservadas como ativos independentes, com autonomia e foco.


Encerrando o capítulo da AGV em dezembro de 2019, iniciei em janeiro a Niche Partners, e já temos como parte do time/sócios Renata Gallucci que trabalhou assessorando a AGV numa boutique de M&A chamada Voga e que foi nossa gerente de M&A por 4 anos. Thiago Cardoso, que trabalhou na Fazen comigo, e antes fez carreira sobretudo numa consultoria estratégica voltada para o Agronegócio. E a mais novo integrante é Gonzalo Parejo, espanhol que voltou para o Brasil em março, após empreender numa start up de logística européia chamada On Truck, e com passagens por empresas de tecnologia e real estate, como empreendedor e executivo.


Assim que tinha definido montar a Niche, tive a sorte de receber um convite que ao entender os méritos prontamente aceitei. Meus ex-sócios de Tarpon, Zeca Magalhães, Pedro Faria e Marcelo Lima, estavam num novo momento da sua sociedade, refundando uma sociedade nova, a SK Tarpon. A SK Tarpon é uma holding que é sócia de 4 gestoras, cada uma liderada por um dos sócios e com times e focos de investimentos específicos. Zeca com a TPE em bolsa, Pedro com a Kamaroopin focada em growth e em mudanças de hábitos de consumo, Marcelo com a 10B voltada para o agro.


E porque estar junto deles? Sempre tive sócios, e acredito na frase que sozinho você vai mais rápido, mas junto vai mais longe. E a vida é um campeonato de pontos corridos com turno e returno, não um mata-mata. Nosso foco é o longo prazo. Nos conhecemos de antes de Tarpon e antes de AGV e partilhamos de valores e visão de negócio comuns. Já fomos sócios em momentos delicados, onde se testa de verdade uma relação como esta. Todos já realizamos muito, inovamos muito, e como não poderia deixar de ser, também tomamos as nossas trombadas. Mas aprendemos e amadurecemos com os erros, e estamos mais fortes e experientes. Juntos são mais de 65 investimentos e R$16 bilhões de capital investido, e muitas, muitas histórias.


O modelo da SK Tarpon permite a rapidez e o sonhar grande juntos, ao dar autonomia e foco para cada sócio focar seu tempo no seu negócio, o que traz agilidade e profundidade. Por outro lado, estar perto de cabeças brilhantes, que ajudam a pensar por diferentes ângulos, aumentar a rede de relacionamentos, investirmos conjuntamente nas competências chave de quaisquer negócios que são gente e tecnologia, além de dividir custos comuns, tudo isso com um componente bem importante de capital proprietário. Juntos, estamos criando um portfólio de empresas que tenho a certeza serão vencedores nesse mundo pós corona, empresas como Petlove, a maior plataforma voltada para o setor Pet do Brasil, a Consorciei fintech líder no segmento de consórcios, a Kepler Weber, líder absoluta na armazenagem de grãos no país que mais produz alimentos do mundo, a Ideagri e On Farm, líderes nos seus sub-segmentos voltadas para a produção de leite. Em vem mais coisa por aí...


Enfim, começo esta nova fase super animado, mesmo com todos os desafios que essa nova realidade nos impõe, cercado de gente competente e do bem, e com uma vontade enorme de construir uma nova história junto com gente que faz esse Brasil ir pra frente! Aliás, estamos contratando.


Nos vemos por aí, Um abraço,


Vasco Carvalho Oliveira Neto Abril/2020




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